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NÉLIA CASTILHO VALÉRIO, Administradora da GlobeRepair, Auto Salvados

Muito jovem começou no negócio da compra e venda de Salvados. A atividade valeu-lhe a alcunha. Conheça a história de vida desta mulher fascinante, desde menina ligada às oficinas e aos automóveis.
11 Jun. 2016
NÉLIA CASTILHO VALÉRIO, Administradora da GlobeRepair, Auto Salvados
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Com uma presença forte, bonita e simpática, além de extraordinária boa comunicadora, é a própria entrevistada quem se apresenta: "tenho 43 anos e praticamente cresci dentro de uma oficina. Nasci em novembro, sou escorpião e, por isso, às vezes tenho espírito vingativo e gosto de retribuir o que me dão. Tanto para o bom, como para o mal. Também sou muito acelerada. Mas esta é a minha vida. Tento ter sempre espírito...
Com uma presença forte, bonita e simpática, além de extraordinária boa comunicadora, é a própria entrevistada quem se apresenta: "tenho 43 anos e praticamente cresci dentro de uma oficina. Nasci em novembro, sou escorpião e, por isso, às vezes tenho espírito vingativo e gosto de retribuir o que me dão. Tanto para o bom, como para o mal. Também sou muito acelerada. Mas esta é a minha vida. Tento ter sempre espírito positivo e levar tudo à frente. Se não fosse assim já me tinha afundado há muito tempo!”

Nélia Valério é a administradora de um grupo de empresas que são propriedade dos pais: "O meu pai era pintor automóvel. Tinha eu um ano ou dois quando ele resolveu estabelecer-se por conta própria. Antes a empresa chamava-se AutoSalvados, agora é Globe Repair. Mudámos o nome porque, em 2013, criámos a AutoSalvados II - Veículos em Fim de Vida e havia dificuldade em diferenciar as duas”, explica. Além destas existe ainda a TotalGlass, uma oficina da rede Glassdrive e a Joancar, que comercializa equipamento oficinal mas que também entrou no mercado da hotelaria. "É a única de que não sou administradora”.

"Tudo se faz!”
Perante isto torna-se legítimo perguntar-lhe: "E consegue ter tempo para ter vida própria, fora da oficina ou do escritório?”
"Tudo se faz!” responde. "Quando é preciso estar até mais tarde estou. Quando é preciso ir mais cedo vou. Vou gerindo as coisas. O meu filho tem 15 anos e a minha filha 11. Como é natural eles também exigem algum do meu tempo. Apesar de passar muito do meu dia aqui, mantenho-me muito atenta à vida deles”.

‘Já conseguiste tanta coisa’
O período de 2013 foi complicado e o semblante sorridente de Nélia fecha-se quando o recorda: "Foi um ano de muitos ensinamentos. Às vezes, o meu Pai desanimava e dizia que não íamos conseguir, o melhor era fechar. Mas até quando eu mesma não tinha esperança sempre a demonstrei. A pior coisa que podia fazer ao meu Pai, que já estava desesperado, era achar que não conseguia recuperar as empresas. Muitas vezes deixava cair uma lágrima, à noite deitava-me sem acreditar que conseguia, mas depois acordava e pensava: ‘Nélia. Já conseguiste tanta coisa’… e portanto cá estamos!”
Foi um ano de trabalho árduo, reconhece. Ajudado porque aquele ser o meio em que crescera e que conhecia bem.
Bastante antes de ser a administradora, a entrevistada começou a trabalhar no escritório durante as férias escolares. "Os meus pais são da velha guarda, achavam que eu nas férias não devia andar aí à perna solta e o Algarve é muito propenso a isso: há as praias, há o sol, há liberdade, há as noites…”
O facto de conhecer desde pequenina muitos dos que com ela trabalham - "trato-os quase todos por tu. Os que estão cá há mais tempo é como se fossem meus irmãos. Para o meu pai é como se fossem filhos.” – facilitou a tarefa de fazer todos entenderem de que era necessário unirem-se e mostrarem compreensão. "Confiaram em mim”, resume a entrevistada.

Paixão pelos salvados
"No início queria estudar Psicologia. Mas os meus pais achavam que isso não era nada. Como não tinha o apoio deles decidi não seguir nada e fiquei aqui a trabalhar”.
Foi a vontade de "andar no terreno” – "detesto escritório, papéis, isto não é para mim, estou aqui porque sou obrigada e porque a situação o exige” – levou-a ao negócio dos salvados: "Foi o que mais gostei de fazer até hoje! Era raro o salvado que não conseguia ganhar!”
Na altura era a única mulher a atuar nessa área. Daí que fosse facilmente reconhecida.
"Ainda hoje sou! As pessoas achavam piada que eu, com 21/22 anos, andasse a avaliar salvados. Era um negócio giro, embora tenha tido alguns problemas. Em alguns o meu Pai teve mesmo que aparecer!”

Negócio na hora…
"No negócio dos salvados é obrigatório fazer o negócio na hora. Porque quando damos um valor, a tentação do vendedor é ligar a dois ou três negociantes e, por mais 50 euros, até vende a mãe! Não há dignidade neste ramo. Uma vez estive até à meia-noite ao telefone para tentar ganhar um negócio. O cliente ora telefonava a mim, ora telefonava a um concorrente. Como era mais casmurra acabei por vencer. Depois pensei: ‘ó estúpida, este negócio só foi bom para uma pessoa’. Para o vendedor. Mas foi só para em armar em boa ao pé do outro.”
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